O candidato do Novo à Presidência da República, Felipe d’Avila, pretende se manter neutro no segundo turno da eleição se não avançar na disputa depois de 2 de outubro. E, ainda, promete fazer oposição se o eleito for Jair Bolsonaro (PL) ou Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Não é nem neutro, eu vou anular o meu voto. Eu não voto em populista. O populismo é a semente que vem destruindo o crescimento econômico, os empregos, as oportunidades e a democracia no Brasil”, afirmou à Gazeta do Povo, nesta terça-feira (13), durante agenda eleitoral no Paraná.
D’Avila esteve em São José dos Pinhais e Curitiba, onde visitou uma organização social sem fins lucrativos e fez um ato no centro com candidatos e apoiadores do partido.
O candidato disse acreditar em uma virada de última hora a seu favor, como ocorreu com Romeu Zema (Novo) na disputa pelo governo de Minas Gerais, em 2018. Mas, segundo ele, o cenário atual aponta para a eleição de um candidato que vai aprofundar as crises econômica e institucional que o país vive nos últimos anos. Para d’Avila, tanto Bolsonaro como Lula não tem a capacidade de retomar o desenvolvimento em queda nos últimos 10 anos.
Além de antecipar sua neutralidade, o presidenciável do Novo criticou de antemão outros candidatos da terceira via que vierem a apoiar Lula e Bolsonaro no segundo turno, dizendo que se o fizerem é porque “não são comprometidos com a democracia. Só vai estar o Novo na trincheira da real democracia, o resto vai estar tudo negociando cargo e verba pra se manter no poder”.
Felipe d’Avila diz que vai atuar como um articulador do Novo na oposição ao presidente que for eleito mesmo sem ocupar cargo público. Para ele, o partido tem capacidade de eleger uma boa quantidade de deputados federais e estaduais para fazer a diferença na próxima legislatura.
“Parte da minha campanha presidencial é estar no estado apoiando os nossos candidatos a deputado federal e estadual, pois nós temos de estar na trincheira da democracia lutando pelos valores e princípios que nós acreditamos que são fundamentais para termos um país mais justo, livre e democrático”, afirmou.
Felipe D’Avila: “voto útil para quem?”
O foco recente na conquista do chamado voto útil por Lula e Bolsonaro aprofundou a polarização entre eles, principalmente após as últimas pesquisas eleitorais que apontam para uma margem de intenção de voto cada vez mais apertada entre eles.
No último levantamento do Ipec, divulgado na segunda-feira (12), Lula está no limite de 51% dos votos válidos para vencer a eleição ainda no primeiro turno, enquanto Bolsonaro vem na segunda posição com 35%. Felipe d’Avila aparece na 5ª posição com 1% (veja metodologia mais abaixo).
“Voto útil pra quem? Para o eleitor que não é. O voto útil é votar em uma coisa que o Brasil vai continuar atolado no baixo crescimento econômico, na desigualdade social e num país incapaz de se inserir na economia global. É um auto-engano de problemas que eles mesmos cavaram”, disse.
Felipe d’Avila diz que nenhum dos dois candidatos é capaz de trazer o que a população realmente espera deles, que é a geração de emprego, renda e “paz”, em referência às discussões entre os apoiadores das duas principais candidaturas e com as instituições.
“Se o eleitor fizer a escolha do voto útil, não reclame do governo que vamos ter nos próximos quatro anos”, sentenciou.
Em uma das agendas em Curitiba, onde falou com a reportagem, Felipe d’Avila conheceu a sede da organização sem fins lucrativos Gerar, no bairro Cidade Industrial. Lá, fez uma palestra sobre educação e empreendedorismo, onde ressaltou a necessidade de se melhorar a educação básica no Brasil e a capacitação dos professores, lembrando que o conhecimento é o “caminho para o desenvolvimento do país”.
Também citou que os jovens e adultos devem focar a capacitação nos novos empregos que a tecnologia vai gerar no futuro, em negócios baseados na economia digital, verde (ou ambiental), de entretenimento e nos cuidados às pessoas mais velhas, já que a população do Brasil está envelhecendo, o que vai exigir cada vez mais serviços.
Quanto aos mais de 10 milhões de desempregados, em especial aos adultos que podem ter mais dificuldade em se atualizar nas novas tecnologias, Felipe d’Avila diz que fará parcerias com entidades para ajudar na capacitação dessas pessoas. “Não precisa ter uma lei nacional para dizer como é que tem que fazer. O que precisamos é: ter metas de recapacitação profissional da pessoas”, disse.