O candidato Felipe D’Ávila (Novo) criticou o excesso de “discussão do passado” e se disse frustrado no fim do primeiro debate presidencial realizado na sede do Grupo Bandeirantes de Comunicação na noite do último domingo (28).
“O debate mostra as ideias e propostas dos candidatos, mas eu sinto frustrado porque acho que devemos debater mais propostas e não discutir tanto o passado. O que o Brasil quer olhar é para o futuro, como que vai ser o futuro, daqui para frente, como que vai gerar renda e emprego, como vai colocar dinheiro no bolso das pessoas. Esses são os temas fundamentais. Eu, como calouro no debate, participando do primeiro, achei que íamos discutir muito mais o Brasil do futuro, e não o Brasil do passado.”
D’Ávila foi o segundo a chegar aos estúdios da Band e esperava um debate de alto nível e sem acusações. “Essa noite é muito importante para nós esclarecermos ao eleitor brasileiro quais são as propostas para tirar o Brasil desse atoleiro do baixo crescimento econômico, da ausência de geração de renda e emprego. Esta é a questão fundamental que temos que debater.”
Questões climáticas
Questionado pelo ex-presidente Lula sobre questões climáticas e ambientais, Felipe d’Ávila afirmou que a retomada do crescimento econômico do Brasil depende de uma política ambiental que faça o Brasil ser a primeira nação carbono zero entre as grandes potências econômicas.
“Isso está no nosso plano de Governo. Esta é a maior oportunidade que o Brasil tem para sequestrar carbono. O Brasil tem potencial para sequestrar 50% do carbono do mundo, plantando árvores em terra degradada. Nós temos 50 milhões de hectares de terra degradadas, dá para plantar árvores em três milhões de hectares, isso vai gerar renda para pessoas mais pobres, isso vai gerar progresso em outras regiões do Brasil. Vai ajudar também a impulsionar a energia renovável no Brasil. O Brasil já tem a matriz mais limpa de energia e precisa continuar expandindo”, acrescentou.
Ele ainda destacou que o agro brasileiro é o que mais sofre quando se desmata no Brasil. “Vem retaliação lá de fora, dizendo que não vai comprar soja do Brasil, ou carne do Brasil, porque vem de área desmatada. O que é mentira. O agronegócio brasileiro é o mais sustentável do mundo. Nenhum outro país do mundo planta soja no cerrado e mantém 35% de reserva legal. Nenhum outro país do mundo colhe uma tonelada de cacau, no Norte, e mantém 80% de reserva legal. Portanto, nós não podemos desperdiçar esta enorme oportunidade que o Brasil tem para atrair investimento, renda e emprego, e se transformar no primeiro país carbono zero do mundo.”
Fundo eleitoral
O candidato do Novo trocou farpas com Soraya Thronicke (União Brasil) ao discordarem sobre fundo eleitoral. “Qual é a dignidade de se aprovar uma excrescência que é esse fundo eleitoral, uma indecência?”, questionou à adversária.
“É uma vergonha usar este dinheiro, que deveria ir para a saúde, para a educação, para financiar campanha política. E, sabe, candidata, a senhora, que gosta de mercado, é exatamente isso: candidato bom consegue levantar dinheiro, e não é dinheiro pessoal, não. Nós temos candidato no Brasil inteiro mostrando aí: governador Zema, nossos deputados federais, estaduais que levantam dinheiro, fazem campanha barata, e fazem campanha com o apoio das pessoas. São pessoas aguerridas, que querem ver a representação política no Brasil mudar no Congresso, que isso é uma vergonha. Ninguém representa o pagador de imposto no Congresso Nacional.”
“Só se representa, no Congresso Nacional, interesse das corporações, e a utilização do Fundão é mais uma arma da perpetuação da oligarquia política. Não tem nada de renovação política, Soraya. Você sabe muito bem que um candidato que tenha patrimônio de mais de dez milhões de reais declarados recebe dez vezes mais do que o de 50 mil. Não democratizou a política, o que ela fez foi perpetuar a oligarquia política”, finalizou.
Considerações finais
Em suas considerações finais, Felipe d’Ávila afirmou que para mudar o Brasil, é “precisamos de um projeto de país, precisamos de gente competente, precisamos de gente com caráter, liderança e coragem pra transformar o Brasil”.
“Não é gente profissional da política, que só pensa em criar um estado pesado, cheio de privilégio pra um monte de gente tirando mais dinheiro do nosso bolso, nós, que trabalhamos, que tocamos os nossos negócios, produzimos. O Brasil, pra mudar, vocês viram aqui, não teve nenhuma conversa de como vai fazer a economia crescer. Sabe por quê? Porque só tem um jeito de a economia crescer: é tirar poder do Estado, dar mais poder pra quem empreende, pra quem gera riqueza. Tirar esse estado pesado que vem sufocando a gente há anos.”