O candidato à Presidência da República Felipe D’Avila (Novo) esteve em Uberlândia cumprindo agenda política nesta sexta (16). D’Avila falou com exclusividade ao Diário de Uberlândia sobre o cenário atual das campanhas eleitorais e suas propostas para conduzir o Brasil nos próximos quatro anos, caso vença as eleições em outubro.
Entre os pontos destacados por ele está a abertura da economia, parcerias com a iniciativa privada e a realização da Reforma Tributária. “O brasileiro é um empreendedor nato. Se tirar as amarras artificiais que o Estado cria para quem quer trabalhar e produzir, ele faz o resto”.
Durante a visita a Uberlândia, D’Avila visitou alguns veículos de comunicação, além da ONG Pontes de Amor e se reuniu com correligionários, empresários e representantes da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL). A passagem pela cidade terminou com uma visita a uma empresa do ramo alimentício.
Confira abaixo a entrevista completa:
DIÁRIO: Como o senhor avalia o cenário político atual com essa polarização entre direita e esquerda? Pesquisas recentes mostram Lula e Bolsonaro disparados. Diante dessa polarização, existe um caminho, um espaço para o crescimento de uma “terceira via” no país?
FELIPE D’AVILA: É justamente do cansaço dessa polarização, que só acirra os ânimos, gera conflitos e não entrega nada do que o país precisa, que surge o espaço para novos projetos. A corrida eleitoral de 2022 termina em breve, mas eu e o Partido NOVO estamos preocupados com um projeto de país de longo prazo. Faremos o possível para mostrar aos brasileiros que as duas opções, os dois modelos de Brasil, representados por Lula e Bolsonaro, não são os únicos. Vamos buscar o melhor resultado possível no dia 2 de outubro, e no dia 3, já trabalharemos em todos os âmbitos possíveis, pensando no país que queremos para as próximas décadas.
DIÁRIO: Qual a estratégia que o senhor pretende adotar para atacar essas duas lideranças políticas e tentar captar votos de eleitores insatisfeitos tanto com Lula quanto com Bolsonaro?
FELIPE D’AVILA: A estratégia é fazer o que nenhum destes candidatos fez até agora: apresentar propostas. Tudo o que eles têm é o medo e a rejeição ao adversário. Projetos para a economia, a educação, a saúde, o meio ambiente? Nada disso foi discutido a sério nesta campanha. Quem não está satisfeito com o que tivemos nas últimas décadas vai encontrar no meu plano de governo uma visão de um Brasil moderno, dinâmico, capaz de crescer e tirar pessoas da pobreza.
DIÁRIO: Além de Bolsonaro e Lula, Ciro Gomes e Simone Tebet permanecem à frente do senhor nas pesquisas. Qual seria a sua estratégia para mudar esse cenário?
FELIPE D’AVILA: A estratégia é mostrar que temos as soluções para os problemas que o país enfrenta. Nossa candidatura é a única que está defendendo um projeto coerente para o Brasil, que não é mais do mesmo.
DIÁRIO: A abertura econômica tem sido citada como uma de suas propostas. O que é necessário, em sua visão, para que a economia do país volte a crescer?
FELIPE D’AVILA: As reformas que o Brasil precisa para voltar a crescer já são um consenso entre economistas há décadas. Nós vamos defendê-las desde o primeiro dia de mandato, porque não há problema mais urgente do que o da retomada do crescimento da economia. A abertura econômica é uma delas. Nenhum país do mundo conseguiu crescer e eliminar a pobreza se fechado ao comércio internacional. Pelo contrário, os países mais fechados são os mais pobres. Nossa economia é viciada em reservas de mercado e protecionismo, e nós vamos acabar com isso. Vamos abrir a economia gradativamente, e oferecer todas as condições para que nossas empresas possam competir no mercado global: resolvendo problemas de infraestrutura em estradas, portos e ferrovias, principalmente através de concessões; aprovando a tão sonhada Reforma Tributária, que vai facilitar a vida de todos os que empreendem no país; reduzindo encargos e burocracias. O brasileiro é um empreendedor nato. Se tirar as amarras artificiais que o Estado cria para quem quer trabalhar e produzir, ele faz o resto.
DIÁRIO: O seu plano tem como título “Um novo Brasil para todos”. Quais são as principais bases que sustentam esse planejamento para o Brasil e como ele foi estruturado?
FELIPE D’AVILA: O plano foi estruturado em torno de 10 metas. São objetivos que precisamos atingir, sob pena de continuarmos na estagnação e no subdesenvolvimento que assolam o país nas últimas décadas. E a primeira delas está em sintonia com as tendências do mercado internacional: transformar o Brasil numa potência ambiental. Precisamos ser realistas, nosso país precisa de investimentos para resolver seus problemas. O Estado está quebrado, não tem capacidade de mobilizar os recursos necessários para resolver nossos déficits de infraestrutura, saneamento, saúde, o que for. Precisamos atrair dinheiro de fora, e por isso a importância do meio-ambiente: hoje, há um excesso de fundos internacionais atrelados ao ESG (Ambiental, Social e Governança, da sigla em inglês). São mais de 50 trilhões de dólares procurando investimentos com carimbo ambiental. Criando os mecanismos institucionais corretos, podemos atrair boa parte desse dinheiro para cá – sem endividar o país, sem comprometer nosso futuro com dívidas impagáveis, podemos alavancar nossa economia. Junto à abertura econômica, à reforma tributária, e às transformações institucionais para melhorar nosso ambiente de negócios, podemos fazer a economia crescer como nunca, acabar com a miséria e entrar num ciclo de desenvolvimento. Isso tudo é possível, e está ao nosso alcance. Basta ter visão e vontade política.
DIÁRIO: Uma das suas metas nesse seu plano de governo é erradicar a pobreza extrema. Como o candidato desejava acabar com o problema no Brasil em apenas quatro anos?
FELIPE D’AVILA: O primeiro passo é retomar o crescimento econômico. Não dá para tirar pessoas da pobreza sem gerar riqueza, sem gerar renda, emprego e oportunidade. Mas, além disso, é preciso repensar os programas sociais. Meu governo vai estabelecer uma meta anual de redução de pobreza, baseada em indicadores nacionais. E com os dados, vamos focalizar os programas sociais, transferindo dinheiro para onde ele é mais necessário, principalmente para as famílias mais carentes, com crianças pequenas. Focalização significa aumento da eficiência com esse gasto. Também vamos oferecer portas de saída para a pobreza extrema, vinculadas à educação e ao treinamento de profissionais. Não basta apenas entregar dinheiro, é preciso entregar oportunidades.
DIÁRIO: Uma das propostas apresentadas no seu plano de governo é investir na área da Educação, principalmente na base. Diante disso, qual a principal melhoria que o senhor propõe para a Educação no Brasil? E como serão feitos os investimentos?
FELIPE D’AVILA: O Brasil não é um país que gasta pouco com educação. Estamos acima da média dos países da OCDE. O problema é que esse gasto não está se traduzindo em resultado: nosso desempenho nas avaliações de conhecimento do PISA é muito ruim. Precisamos fazer esse dinheiro chegar na ponta, no aluno, na sala de aula, que é onde ele vai fazer a diferença. Isso envolve um esforço conjunto de estados e municípios para identificar os problemas e resolvê-los. Também devemos melhorar a formação e a remuneração dos nossos professores, que devem estar constantemente capacitados para adotar as melhores práticas pedagógicas disponíveis. Por fim, o ensino profissionalizante deve se tornar uma opção cada vez mais comum e viável para os jovens que desejam terminar seus estudos e entrar diretamente no mercado de trabalho. Há escassez de mão de obra qualificada em uma série de setores. Nosso sistema educacional não deve ser avesso ao mercado. Pelo contrário, deve responder às demandas e formar pessoas que possam trabalhar e crescer na vida.
DIÁRIO: Outra ideia citada pelo candidato é estimular a parceria entre o SUS e a iniciativa privada. Como isso será feito, caso o senhor seja eleito?
FELIPE D’AVILA: As parcerias com o setor privado já são uma realidade no SUS. Sem elas, o sistema seria completamente inviável. O Estado tem o dever de fornecer saúde, mas isso não significa, necessariamente, administrar diretamente as clínicas e hospitais. A iniciativa privada, por existir num contexto de mercado, sempre tem ganhos de eficiência e na qualidade dos serviços. Precisamos aprimorar a forma como as parcerias ocorrem com estas instituições, principalmente na forma como o setor público pode pagar pelos serviços privados oferecidos no SUS. Também é urgente uma integração maior das informações, para direcionar os usuários do sistema aos locais onde o serviço pode ser oferecido. Hoje, o paciente do SUS não conta com o apoio de uma rede integrada, digitalizada e capaz de informá-lo sobre suas opções. Nós vamos mudar isso. Acreditamos que a saúde pode ser pública, sem ser estatal.
DIÁRIO: Em 2018, Zema tinha uma porcentagem baixa e, na reta final, conseguiu ir para o segundo turno e, posteriormente, se eleger. Acredita que a nível federal, essa guinada pode se repetir?
FELIPE D’AVILA: Na política, sempre existem imponderáveis. Vamos continuar trabalhando para levar nossa mensagem mais longe, pensando no longo prazo.
DIÁRIO: Quais seriam suas medidas nos 100 primeiros dias de governo, caso o senhor seja eleito?
FELIPE D’AVILA: Os 100 primeiros dias são importantes para dar a direção de qualquer governo. Abertura comercial, reforma tributária, meta de redução da miséria e plano ambiental seriam os primeiros itens da pauta.